terça-feira, 3 de março de 2009








Este foi o grande impulsionador da Vila de Tramagal ( sim Vila, digo bem, a unica no concelho de Abrantes)
Eduardo Duarte Ferreira


Eduardo Duarte Ferreira (Tramagal, 10 de Fevereiro de 1856 - 1948) foi um empresário português.

Nascido no concelho de Abrantes (Distrito de Santarém) numa família muito pobre, não teve condições para fazer o exame do ensino primário, apesar de ter aprendido a ler e escrever. Considerado pelos seus conterrâneos como um jovem de "fraca inteligência", teve que ir procurar trabalho fora da sua terra, acabando por aprender o ofício de ferreiro na povoação de Rossio ao Sul do Tejo, onde esteve três anos sem ganhar dinheiro.
Tinha, nesta altura, 19 anos. Ganhando o gosto pelo trabalhar o ferro, aspirou a montar uma oficina própria, o que veio a conseguir por volta dos 26 anos de idade. É esta oficina, a quem Duarte Ferreira chamou “A Forja”, que está na génese daquela que viria a ser uma das maiores unidades industriais de portuguesas. A oficina, que começou por se dedicar ao fabrico de alfaias agrícolas, em especial charruas, foi crescendo e o negócio tornou-se próspero.

Em 1920, muda para umas instalações mais amplas, junto do caminho-de-ferro da Linha da Beira Baixa, onde passou a designar-se por “Grande Fábrica de Metalúrgica”, empregando 250 operários. Em 1923, a empresa transforma-se numa sociedade por quotas e passa a designar-se por Duarte Ferreira & Filhos, passando a adoptar como seu símbolo comercial e de marca uma borboleta. Prosseguindo a sua expansão e modernização, Duarte Ferreira integra na unidade industrial, no ano de 1927, um laboratório químico e metalúrgico para investigação e ensaio de materiais. Neste mesmo ano, Duarte Ferreira cria um sistema de segurança social para protecção dos seus funcionários.
Em reconhecimento de toda a sua actividade, igualmente em 1927, é condecorado pelo Estado Português, na pessoa do Presidente da República, Marechal António Óscar de Fragoso Carmona, que se deslocou em visita oficial à região do Tramagal, com a Comenda do Mérito Agrícola e Industrial.

O fabrico de enfardadeiras e de debulhadoras mecânicas, numa primeira fase (1933-1934), e de caixas de lubrificação para eixos de locomotivas e gasogénios para automóveis, numa segunda fase, são as grandes áreas produtivas da empresa que, em 1947, se transforma numa sociedade anónima com o nome de Metalúrgica Duarte Ferreira, SARL.
No ano seguinte – 1948 – com 92 anos de idade, Eduardo Duarte Ferreira, que nunca de deixou de interessar, em toda a sua vida, pela trabalho da empresa que fundou, morre.
Deixa uma empresa próspera e que emprega oitocentos trabalhadores.

Em 10 de Fevereiro de 1964 procede-se à inauguração das linhas de montagem dos veículos militares BERLIET, que passam a serem fornecidos, em grande número, ao exército português e se tornam um dos meios de transporte mais utilizados nas missões deste, entre as quais se destacam as relativas à guerra colonial portuguesa, conflito em que Portugal esteve envolvido desde o início da década de 1960 até ao ano de 1974, tendo sido produzidas, durante estes dez anos, cerca de 3 300 viaturas militares BERLIET TRAMAGAL.
Em consequência desta nova actividade produtiva, a Metalúrgica Duarte Ferreira abandona o fabrico das máquinas e alfaias agrícolas. Logo após a Revolução de 25 de Abril de 1974 – 20 de Dezembro de 1974 - , e até ao ano de 1979, a Metalurgia Duarte Ferreira é intervencionada pelas autoridades governamentais portuguesas.
Esta gestão administrativa acaba por conduzir a empresa a uma situação muito difícil e o espectro da falência e do desemprego começa a tornar-se uma ameaça para os seus 2300 funcionários, que, então, já empregava.
No princípio da década de 1980, procuram-se várias soluções que evitem o seu encerramento, designadamente através da produção de novas viaturas militares, os camiões TT, depois também adaptados a viaturas de bombeiros. Contudo, a realidade económica e financeira da Metalúrgica não deixa de se agravar.
No ano de 1984, as greves, manifestações e os salários em atraso são a expressão das dificuldades existentes.
Em 1994, os bens da Metalúrgica Duarte Ferreira, entretanto penhorados, são vendidos e, no ano seguinte, ano de 1995, a empresa é, formalmente, extinta.

2 comentários:

Anónimo disse...

Obrigado por perpetuares o nome da família e Metalúrgica Duarte Ferreira que tanto deu e colheu do Tramagal.

Um abraço,
Tiago Picado Duarte Ferreira (Tri-neto)

José Eduardo Maximiano disse...

Olá Tiago,

Gostaria se possivel da sua parte me dizer de quem é neto?

Um abraço