quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Mais um Artigo sobre Tramagal e Eduardo Duarte Ferreira

Fonte: JORNAL -Mundo Português , Edição de 21/09/2009

Tramagal: Vila pioneira na indústria pesada

Quem vem de Abrantes, ao chegar ao Tramagal, depara-se no lado direito com o bonito Miradouro da Penha. Aqui, foi feita uma homenagem ao Metalúrgico Eduardo Duarte Ferreira, pioneiro da indústria metalo-mecânica em Portugal e fundador das Fundições Metalúrgicas do Tramagal.
Vale a pena parar para observar a bela paisagem sobre o rio Tejo e a sede do Concelho.
Continuando o percurso, entramos na vila do Tramagal. Já no centro, do lado esquerdo, há um outro monumento dedicado a Dr. João Mineiro - médico e benemérito.
Falar do Tramagal é falar da Metalúrgica Duarte Ferreira.
O Tramagal é uma vila Portuguesa do concelho de Abrantes. Aldeia até 1986, foi elevada a vila nesse ano.Tem 24,06 km² de área e 4 043 habitantes (2001).
O actual estado de evolução da vila foi conseguido através do desenvolvimento industrial, mais precisamente da antiga fábrica Metalúrgica Eduardo Duarte Ferreira (uma das maiores metalúrgicas nacionais até aos anos 80 do séc. passado), à qual os Tramagalenses devem a história da sua vila. Eduardo Duarte Ferreira (Tramagal, 10 de Fevereiro de 1856 — 1948) foi um empresário português nascido numa família muito pobre, não teve condições para fazer o exame do ensino primário, apesar de ter aprendido a ler e escrever.
Considerado pelos seus conterrâneos como um jovem de “fraca inteligência”, teve que ir procurar trabalho fora da sua terra, acabando por aprender o ofício de ferreiro na povoação de Rossio ao Sul do Tejo, onde esteve três anos sem ganhar dinheiro.
Ganhando o gosto pelo trabalhar o ferro, aspirou a montar uma oficina própria, o que veio a conseguir por volta dos 26 anos de idade.
É esta oficina, a quem Duarte Ferreira chamou “A Forja”, que está na génese daquela que viria a ser uma das maiores unidades industriais de portuguesas.
A oficina, que começou por se dedicar ao fabrico de alfaias agrícolas, em especial charruas, foi crescendo e o negócio tornou-se próspero.
Em 1923, a empresa transforma-se numa sociedade por quotas e passa a designar-se por Duarte Ferreira & Filhos, passando a adoptar como seu símbolo comercial e de marca uma borboleta.
O fabrico de enfardadeiras e de debulhadoras mecânicas, numa primeira fase (1933-1934), e de caixas de lubrificação para eixos de locomotivas e gasogénios para automóveis, numa segunda fase, são as grandes áreas produtivas da empresa que, em 1947, se transforma numa sociedade anónima com o nome de Metalúrgica Duarte Ferreira, SARL.
No ano seguinte – 1948 – com 92 anos de idade, Eduardo Duarte Ferreira, que nunca de deixou de interessar, em toda a sua vida, pela trabalho da empresa que fundou, morre.
Deixa uma empresa próspera e que emprega oitocentos trabalhadores.
Em 10 de Fevereiro de 1964 procede-se à inauguração das linhas de montagem dos veículos militares Berliet, que passam a serem fornecidos, em grande número, ao exército português e se tornam um dos meios de transporte mais utilizados nas missões deste, entre as quais se destacam as relativas à guerra colonial portuguesa, tendo sido produzidas, durante estes dez anos, cerca de 3 300 viaturas militares Berliet Tramagal.
Logo após a Revolução de 25 de Abril de 1974 – 20 de Dezembro de 1974 - , e até ao ano de 1979, a Metalurgia Duarte Ferreira é intervencionada pelas autoridades governamentais portuguesas.
Esta gestão administrativa acaba por conduzir a empresa a uma situação muito difícil e o espectro da falência e do desemprego começa a tornar-se uma ameaça para os seus 2300 funcionários, que, então, já empregava.
Em 1994, os bens da Metalúrgica Duarte Ferreira, entretanto penhorados, são vendidos e, no ano seguinte, ano de 1995, a empresa é, formalmente, extinta.

Sem comentários: